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Foto:josé alfredo almeida |
Eu
conheço uma música frágil como a chuva ou as lágrimas evitadas. É uma
música que ouço muitas vezes enquanto escrevo ou leio, ou que ecoa
dentro de mim enquanto leio o que escrevi. Cada vez que a ouço, que
percorro o teclado infindável do piano onde me refugio, esqueço-me do
que escrevi e leio as lágrimas que não chorei sulcadas no meu rosto, à
espera que chovesse. Que me lembre, é uma música onde tu não estás. Uma
música que se calhar não existe, ou não existe assim, e não passa de uma
desajeitada desculpa para finalmente poder chorar.
Jorge Fallorca
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