sábado, 26 de novembro de 2016

Rompendo a neblina

Foto:josé alfredo almeida


Uma verticalidade jovem e enfolhada irrompe da neblina matinal. Despiu o "manto diáfano"* e exibiu-se em corpinho bem feito. Vaidosa, como menina enamorada. As companheiras, ciumentas, fugiram para  outros chãos.

À tarde espera a habitual visita do vento. Muito gosta ele de bailar com as suas folhas! Agarra-as, sensualmente, ao ritmo de valsa de Strauss. Enquanto é tempo de baloiçarem em suspensão sublime. Aproxima-se a despedida.  A "nudez forte da verdade"* ameaça, dia após dia. Restará, em breve, a imagem negra da rendição.

O banco, arrepiado, aguarda um sol prometido. O rio, esse, vê-se em palpos de aranha para rasgar aquele lençol que, maldosamente, tenta esconder-lhe o esplendor.

Uma árvore. Como tantas outras. Mas esta a fazer continência à bandeira...

* palavras de Eça de Queiroz


Vila Real, 25 de Novembro de 2016
M. Hercília Agarez

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