segunda-feira, 22 de junho de 2015

Visita inesperada

Foto: josé alfredo almeida

    

Qual meteorólito, aterrou no Doiro. No Doiro seu que lhe consumiu vida e fortuna, que lhe marcou a face com riscos de desgostos e de angústias. Amparou-a na queda banco sobrante de umas termas onde tanto investiu. Virou-lhes as costas, estarrecida, revoltada. Tentou recompor-se, virando-se para esse rio seu, entretanto amansado como a fera de Shakespeare. Sorriu para as vinhas, sua paixão e força de luta. Estavam verdejantes, miravam-se, quais narcisos, nas águas de lago. E desapareceu. Levou os olhos cheios de verde e de água. Não de saudade. Sorriu também para quem teve o privilégio de a ver, mas não prometeu voltar. Não era aquele o seu reino. Regressou a um céu que ganhou na terra. Pareceu-me ouvi-la dizer: "perdoai-lhes, Senhor, que não sabem o que fazem".


 Vila Real,22 de Junho de 2015

 Hercília Agarez                                                                                                                             

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