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Foto:josé alfredo almeida |
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Ou
não fosse o rio um espelho
antes
de rio.
A.M.Pires
Cabral
Brancas, as nuvens. Hoje. Brancura
pacífica, sorridente. Mantêm-se no respeito de ordens recebidas. Hoje, meros apontamentos
decorativos. Nada de anúncios, nem prenúncios, nem indícios de águas a cair. De
águas a vir. Hoje, desincumbidas da função de manda-chuvas. Assim, airosas,
inofensivas, femininas, não receiam o veredicto do rio. Não lhes falta
auto-estima…
Ele,
o rio duriense com costela transmontana, na franqueza do Entre Quem É. Também
ele tem nuvens, essas sortudas bafejadas com o dom da ubiquidade, tantas vezes
invejado por humanos seres.
Rio. Beleza, serenidade, movimento, em
estado líquido. Não parece estugar o passo para
depressa atingir a foz. Gosta da doçura das suas águas, da irrequietude
dos seus hóspedes, num rodopio de fuga a canas de pescadores, de minhoca em
riste. Gosta de contemplar, com todo o tempo do mundo, margens imponentes, de
socalcos encavalitados uns sobre os outros, desafiando alturas. Montes
promessas de boas colheitas, montes onde
cepas tortas e direitas se despem no fim da festa. Tempo de tudo, para tudo.
Uma casinha branca intromete-se na
paisagem. Mete portas e janelas onde não é chamada. Terá gente dentro? Quem a
plantou ali em isolamento, órfã de
vizinhos? Melhor é casa sem gente do que gente sem casa.
Começam a impacientar-se os ramos e os
galhos, negrume descendente, a enlutar claridade colorida. Tenham calma! São
para vós as últimas palavras – last, not least. Dizei lá à vossa
árvore-mãe que oleie as engrenagens e acelere a produção de folhas e de
flores., não vá chegar atrasada à recepção oficial da Primavera...
M. Hercília Agarez
Vila Real, 13 de Março de 2020
Insólito.."quadro "..
ResponderEliminar..Prosa.."tão "harmoniosa ..!!
BELA FOTOGRAFIA !!!