domingo, 3 de agosto de 2014

Espelho do Douro

Foto: josé alfredo almeida


Não sei se prefiro o rio
ou o seu reflexo nas janelas espelhadas.
De um lado
os barcos ancorados, do outro lado:
barcos — na imediata memória das âncoras.
Deste lado, o porto, ou o cais,
contracenando com a sua própria inexistência
daquele lado.
 Existirá aquele rio nos espelhos?
Poderá este subsistir sem as janelas?
Sou dourada como os peixes que te
desabitaram. E, do outro lado, sou
desabitada.

 Filipa Leal

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