sexta-feira, 29 de maio de 2015

Incertezas

Foto: josé alfredo almeida


A viver uma crise na viticultura, com uma notória degradação dos preços dos vinhos, o Douro está conhecer mais uma reforma institucional que vai alterar de forma significativa a Casa do Douro, a instituição que desde que foi crida em 1932 representava os  lavadores durienses.
Extinta a natureza pública da Casa do Douro a 31 de Dezembro de 2014, o Governo abriu um concurso público dirigido às organizações de direito privado e sem fins lucrativo interessadas em ficar com a gestão da instituição duriense.
Apresentadas a concurso duas associações, o Ministério da Agricultura e do Mar decidiu no dia 27 de Maio do ano corrente atribuir a sua gestão da antiga Casa do Douro a uma associação denominada Federação Renovação do Douro.
Assim, esta associação privada terá legitimidade para representar os lavradores do Douro, mas a sua representatividade limita-se a  29,3%, isto é, a um universo de 28% dos viticultores e 33,2% da área de vinha da Região Demarcada do Douro.
Parece-me muito pouco e, com um problema acrescido,  de não haver obrigatoriedade de o lavrador ser  um seu associado.
Como diz o Prof. Gaspar Martins Pereira" os tempos são outros", mas os lavradores do Douro, sem poder organizativo e reivindicativo que os una  e, sobretudo, os defenda  das crises cíclicas   e tenha uma voz forte no sector interprofissional da vinha e do vinho, estão confrontados  com  um tempo de incertezas  e com este " imprevisível" novo modelo associativo.
Com uma enorme dívida de 160 milhões de euros ainda para pagar, sem um projecto inovador, sem ideias e sem líderes fortes, como aqueles que foram chamados de paladinos do Douro, vozes  que se faziam ouvir  no poder político, como foi  a do Dr. Antão de Carvalho, nesta  nova Casa do Douro - se assim se pode dizer -  tudo são mais que incertezas e nada se advinha de bom para o futuro da região.

Sem os pequenos lavradores, sem uma organização que defenda os seus interesses, o Douro não pode existir.


José Alfredo Almeida

Pontes da Régua-137


Barco na paisagem-7

Foto: josé alfredo almeida

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Barco na paisagem-6

Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-136

Foto: josé alfredo almeida

Comboios parados-2

Foto: josé alfredo almeida

(Re)Conhecer a Régua-225






Chegou ao passado, à  vila da Régua de meados de 1900.
Entrou na estação da Régua, vindo do Porto, o comboio...que aqui parou para deixar passageiros com  os mais diversos destinos.
Era o futuro, era o progresso - houve que dissesse que "era uma revolução" - a chegar ao interior do país.
O comboio chergava à vila da Régua e ao coração da região do Douro.A partir daí, a  Régua e o Douro mudaram, o transporte das pipas do vinho do Porto vai deixar de fazer-se pelo barco rabelo e passa a fazer-se pelo comboio de mercadorias.
Uma nova era começou para a Capital do Douro que passou a fazer o transporte por comboio do Vinho do Porto.
Uma era para a Régua que, infelizmente, já acabou. Como meio de transporte,  pessoas e mercadorias, o comboio perdeu a importância que teve passado.
Mas quem mais perdeu foi a Régua comercial e turística...e perdeu também o Douro.


 josé alfredo almeida

terça-feira, 26 de maio de 2015

Pontes da Régua-134

Foto: josé alfredo almeida

Duplicado

Foto: josé alfredo almeida

(Re)Conhecer a Régua-224






 Esta era a nossa Régua,  nos meados de 1900...  e esta era a velha rua de Serpa Pinto.
Alguém, talvez um forasteiro de visita, no seu tempo, comparou Vila Verde com a Régua, escrevendo "Isto é que é uma villa..". ´
Isto é uma prova da  importância desta terra que se desenvolveu como se fosse  uma capital do vinha e da vinho, um  verdadeiro centro de negócios relacionados com a marca mais famosa do mundo, o Vinho do Porto.

Volto à  nova rua Serpa Pinto, uma rua  que me parece ter mudado bastante na sua fisionomia desde aquele tempo.Vou à procura de uma resposta para o futuro de uma vila que hoje se tornou numa cidade internacional da Vinha e do Vinho que  mal conhece o seu passado e tem dificuldades em compreender as  grandes mudanças do tempo actual....e da economia da região.

 Volto à  nova rua Serpa Pinto e, num novo postal ilustrado,  com um carimbo do futuro, gostava de poder escrever como aquele forasteiro, comparando aquele passado com o nosso presente: isto é que é uma cidade....do Peso da Régua.

josé alfredo almeida

Pontes da Régua-133

Foto: josé alfredo almeida

Barco na paisagem-4

Foto: josé alfredo almeida

sábado, 23 de maio de 2015

Bela casa

Foto: josé alfredo almeida


Regresso devagar ao teu 
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que 
não é nada comigo. Distraído percorro 
o caminho familiar da saudade, 
pequeninas coisas me prendem, 
uma tarde num café, um livro. Devagar 
te amo e às vezes depressa, 
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo, 
regresso devagar a tua casa, 
compro um livro, entro no 
amor como em casa.

Manuel António Pina

Lugar da infância





O tempo,
é
um escorrer de vida.
Um sonho, uma miragem.

A minha família não tinha nenhuma ligação à terra, nem aos vinhos.
Não possuíam quintas nem vinhas no Douro.

O meu Avô chegou à Régua por volta do ano de 1930. Pediu a transferência da CP, da estação de Coimbra para a estação da Régua.

Foi viver para uma casa que ainda hoje existe no Largo da Ponte.
Um Senhor do mais íntegro que conheci.
Amei-o profundamente e sempre o admirei.
Foi nessa casa que eu entrei várias décadas depois.
Onde dei os primeiros passos. Onde tomei conhecimento do mundo através da varanda. Ou quando me levavam a passear. Quando me apercebi de mim e dos outros.

A minha infância, foi uma infância feliz.

Mas a felicidade, aprendi, é algo que temos dentro de nós.
É quase como algo genético.
Não é preciso ser rico.
Podemos ter duras dores, a vida por vezes, parece querer matar-nos e mesmo assim,
há um olhar de esperança, uma força que nos leva a reagir.
Na minha casa,
Vi muitas vezes esse olhar cheio de vida, posto no rio nos montes e um quase sorver, beber a vida.

Como também vi muitas vezes essa felicidade nas pessoas mais humildes, mais pobres, não porque não tivessem a consciência da sua miséria material, mas porque eram pessoas cheias de garra.
Tristes, fechadas
e simultaneamente abertas à alegria.

Como a região do Douro.

Foi num ambiente de harmonia e bem-estar dentro de casa e convivendo com toda a gente que eu cresci.

Fui uma rapariga a que chamam uma" maria rapaz."

Fomos viver para o Corgo para uma casa grande e
de aspecto velho, naquela altura a ideia, é que seria provisoriamente.

Tivemos que deixar a casa no Largo da Ponte, pela altura da reforma do meu Avô.

Foi como entrar num mundo novo.

As vizinhas olhavam, falavam, metiam-se comigo.
Eu só pensava em me esconder.

Essa timidez durou muito pouco.

Por detrás da nossa casa tínhamos um quintal de um tamanho considerável, dividido por dois muros protegidos de vidros pontiagudos.
De um lado havia uma quinta, do outro, vários pequenos quintais que pertenciam a um casario.

Aí encontrei grandes amizades, não só, de crianças como eu, mas também, de alguns adultos.
Pessoas que ficaram gravadas para sempre no meu coração.

No meu quintal, que no fundo era o quintal de muita da criançada lá da rua, passei os melhores momentos da minha vida.
Com os meus primos irmãos, com as(os) amigas(os).

Havia uma figueira imensa.
Onde nos sentávamos nos galhos mais altos e ali ficávamos a comer figos até "rebentar".
Brincávamos aos cowboys.
Ao prego.
ao elástico.
à barra do lenço...

Logo de manhã cedo nas férias grandes que nesse tempo me pareciam imensas, talvez porque o tempo parecia fluir de outra forma...

Nesses dias em que o rio corria mansamente e que o calor, a meio da manhã rapidamente se espalhava como brasas incendiadas, eu acordava com o burburinho e conversas soltas das pessoas que passavam na rua, ou iam comprar pão à padaria que ficava mesmo em frente da minha casa.

Abria as portadas das janelas.
E cada rosto, cada sorriso, era o meu mundo.

Havia sempre ideias para jogos e brincadeiras. As brincadeiras eram levadas muito a sério por mim, e penso que pelos outros também.

Por outro lado eu tinha que ganhar sempre, mesmo que perdesse sempre.
Ninguém reclamava. Não sei porquê.

Muitas das vezes, ia eu para casa das minhas amigas.
No Corgo, mas também na rua dos Camilos e no Largo dos Aviadores.

Tínhamos a Alameda para onde íamos andar de baloiço,
ou jogávamos às escondidas no jardim do Largo dos Aviadores.

Fui muito poucas vezes para o rio. Como eu era, como hei-dizer...muito destemida? A minha mãe não me autorizava.
Não tenho muitas recordações das pontes.
A ponte velha nessa altura estava intransitável.
Da nova, recordo as idas a Lamego de camioneta, às festas da Srª. dos Remédios.

Também recordo a dor e os gritos quase sempre ao amanhecer, de quem perdeu alguém no rio...

A minha infância foi de oiro.
Tal como esse rio, que ainda hoje chamo de meu.

Fui uma criança que brincou, imaginou e sonhou.
Claro que muitas coisas aconteceram, muitas mais, que uma página não chegaria para descrevê-las.

Todas as infâncias felizes são parecidas, mas o sentir de cada criança, e o ambiente que a rodeia, faz dessa infância algo único.

Por outro lado, cada brincadeira cada cumplicidade,
cada aventura cada segredo, nesse tempo de infância, é algo tão especial, que apenas se sente mais nada.
As crianças são como anjos.

Como descrever os anjos?

Ana de Melo

Pontes da Régua-129

Foto: josé alfredo almeida

sexta-feira, 22 de maio de 2015

quinta-feira, 21 de maio de 2015

terça-feira, 19 de maio de 2015

Advogado

Foto: Sala de Audiências de Julgamento do Tribunal do Peso da Régua
             19 de Maio de 2015
      Dia do Advogado
      (Comemorações no Peso da Régua e S. João da Pesqueira)
      
       Dia de S. Ivo - Padroeiro dos Advogados
       (Nasceu na Bretanha, França, e foi em Paris que mostrou o brilho da sua inteligência, no estudo da Filosofia, da Teologia e do Direito. Ivo de Kermartin, ao voltar à sua terra natal, aceitou ser Juiz do Tribunal Eclesiástico, por onde passavam as questões mais complicadas. Com sua sabedoria, imparcialidade e espírito conciliador conquistava o respeito até dos que perdiam a questão. A defesa intransigente dos injustiçados e dos necessitados deu-lhe o título de "Advogado dos pobres", um título que continuou merecendo ao tornar-se sacerdote, e ao construir um hospital, onde cuidava dos doentes com as suas próprias mãos. Um exemplo inspirador para os nossos dias - in OA.)



  ad·vo·ga·do 

 (latim advocatusio que foi chamado a presar assistência a um acusado)

substantivo masculino
1. Letrado cuja profissão é a de alegar o direito no foro.
2. [Por extensão]  Defensor.
3.Diz-se do santo que os católicos invocam para se livrarem de determinado mal.




   in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 

Olhar da avenida

Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-124

Foto:josé alfredo almeida

Relíquia-2


Foto:josé alfredo almeida

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Relíquia

Foto: josé alfredo almeida



                     Este é o velho Buick (1930) e foi  o primeiro carro de combate a fogos dos Bombeiros da Régua...
                    Hoje é uma bela peça de museu.
                  Ele esteve no Museu do Douro para ser uma das "vedetas" na 10ª Maratona do do Douro e, na verdade,  muitos, em especial crianças, sentaram-se ao volante e tiraram uma foto para recordação.

Pontes da Régua-123

Foto: josé alfredo almeida

Como no passado

Foto: josé alfredo almeida

(Re)Conhecer a Régua-222