domingo, 24 de agosto de 2014

Fogo do verão

Foto: josé alfredo almeida



 A boca,
 onde o fogo 
 de um verão
 muito antigo cintila,
 a boca espera
 (que pode uma boca esperar senão outra boca?) 
 espera o ardor do vento
 para ser ave e cantar.

 Levar-te à boca,
 beber a água mais funda do teu ser
 se a luz é tanta,
 como se pode morrer?

 Eugénio de Andrade

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