terça-feira, 7 de outubro de 2014

O meu Moledo-68

Foto: josé alfredo almeida




Pouco a pouco
atravesso esta avenida de plátanos,
desenhada na geografia sentimental,
volto à minha infância.
Agora eu sei:
aqui nada mudou!
É quase outono outra vez...
Lembro-me das palavras do meu avô,
que tudo estava nos pormenores
e tudo estava, ainda, nas minhas mãos.
Cresci
sem jamais esquecer o sábio ensinamento.
Aprendi que Deus estava nas pequenas coisas…
E voltei aqui, a este lugar,
e atravesso a avenida da memória de uma infância feliz,
de flores silvestres e mostos de vinho fino,
do sabor dos pêssegos
e dos figos lâmpos do quintal do meu avô,
na Casa dos Quartéis Amarelos.
Aqui nada mudou.
Ouço ainda as vozes antigas
e os ruídos do vento a agitar as árvores.
Começaram as primeiras aulas, é outono outra vez...
E choveu há pouco tempo!
Para sempre, guardo os meus livros,
os recados ternurentos de minha mãe.
Não me posso perder no caminho que ela me ensinou,
entre casa e a velha escola.
Não muito longe do tempo... passa uma criança a sorrir
e a olhar para o rio que corre serenamente.
O futuro está a começar!
Retomo os meus passos num lugar que nunca foi passado e,
agora eu sei,
Mudei, só eu!


José Alfredo Almeida


3 comentários:

  1. "A fragilidade , e a ternura deste texto."..
    digo com firmeza -

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  2. Um retorno à velha e feliz infância...memórias passadas, todavia sempre presentes no coração e expressas de forma ternurenta neste bonito texto.
    Parabéns ao seu autor. :)

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  3. Belíssimo texto como o lugar. Lugar esse que apesar dos "esquecimentos" de alguns, não lhe tirou o encanto...é como se fosse o nosso jardim. DS

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