Foto: josé alfredo meida |
Ainda mal acordado
a janela do quarto abri.
Mas tão em neblinas
e vapores
se escondiam as colinas
que logo me entristeci.
Sem o consolo esperado
nos esplendores
da manhã,
longo tempo, sem agrado,
me arrastei,
numa pasmaceira vã,
onde nada de belo
nem simples palavra achei
para algum verso singelo…
Nada
de nada.
Até ao instante sagrado
em que, rasgados os medos
que o haviam sequestrado,
um sol impante de fulgores
pelos montes e vinhedos
revelou formas e cores.
E enquanto assim
a natureza explodia
numa paleta sem fim...
também aquela dor
se desvanecia,
por encanto,
no luminoso sabor
de um poema antes perdido,
mas agora acontecido.
Tão bem e tanto,
que, finalmente, em mim sorri:
- Ei-lo, é este que tenho aqui!...
Artur Vaz
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