Leva-me ao baile da vindimas

A tarde cheira a frutos e a uvas moscatel. 

 É uma tarde quente de Setembro, mais logo o poente será uma festa de rigores e êxtase.

É a última prova, o último retoque do vestido talhado e cozido a preceito na máquina singer. 

 A difícil arte de construir sonhos com a fluidez da seda.

Nesta tarde de janelas abertas sobre as quintas e o rio,

 uma tarde de conversas cúmplices entre mulheres, 

 de provas sucessivas, até atingir a perfeição.

 Para o baile das vindimas da Casa do Douro.

Amanhã é a noite. 

Os teus olhos, terão o brilho dos meus. 

Até a manhã me acordar e me desprender dos teus braços, 

quando as luzes se apagarem...

Estrela cadente, infinitamente perdida de amor, 

 pelas ruas da cidade, sem nunca largar a tua mão.

Ana de Melo