Foto:josé alfredo almeida |
Passavam na minha rua, ainda era
madrugada.
Iam em camionetas abertas,
homens,
mulheres e crianças, a cantar, numa voz sem vestígios de sono,
antes como pássaros.
A
anunciar a manhã e a faina das vindimas.
Não sei nada sobre as vindimas, do corte
certeiro em cada cacho de uvas feito pelas mãos das mulheres, dos cestos aos
ombros dos homens, de todo o percurso fiel, desde o (antigo) lagar até ao copo
ou cálice.
Sei com certeza, da sua cor. E sabor.
Da cor desse tempo de Setembro, de rogas ao som do acordeão.
Do Sol a desaparecer para
lá dos montes, de camionetas já de regresso, das vozes e das cantigas.
De ouvir e ver o desafogo de alguns rostos,
nesse tempo, em que a esperança tinha sabor a mel e o pão se multiplicava nas
mesas.
Sei de todo um clima, de toda uma gente com uma
história de trabalho árduo, que se desenrolava ao meu redor, que não fazia
parte da minha vida, mas do meu olhar ainda de criança.
É esse cenário fantástico, entre o rio e os
montes, entre a cor rubra e o verde, de rostos longínquos, de sorrisos e olhares
largos, que eu trouxe comigo e guardo, e relembro.
Em cada Setembro de uvas
com sabor a infânciaSetembro/2016
Ana de Melo
....Li..reli...
ResponderEliminar.senti..esta história ,,,
como se nela ..ENTRASSE ...
..Ana de Melo...que eu "aprecio"....