sábado, 10 de setembro de 2016

Meu Douro


Foto:josé alfredo almeida


  Douro, porque não és sempre dia? Por que motivo oculto te escondes, por detrás do escuro ciumento, como criança a fugir a castigo? Quem há-de apaziguar as minhas insónias? Quando abro a janela do meu refúgio, não vejo cores, nem luminosidade, nem movimento. Não me sobrevoam o espaço garças  em voo planado que rasam céus durienses. Apenas vejo o rio e os montes pirilampampados, dando sinais de vida. Tenho de esperar um novo dia para te re- viver, para te re-sentir, para te respirar. A insónia persiste. Parece querer atrasar maquiavelicamente o re-nascer do espectáculo do assombro desmedido.
    Douro. Sou teu e tu és os meus pergaminhos, a nobreza da minha genealogia, as credenciais com que posso enfrentar homens de outros paraísos. Tu me deste a vida. Tu ma tirarás. Entretanto, deixa-me jurar-te a minha fidelidade.


Vila Real, 9 de Setembro de 2016
M. Hercília Agarez

1 comentário:

  1. ..PERGAMINHO "ESTE" ...
    INTENSO..!!
    PODER :::DIVINO...ETÉREO ??
    MARAVILHOU..ME ...

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