sábado, 24 de setembro de 2016

Cartaz cultural - Emmy Curl




Com entrada livre e gratuita, no dia 24 de Setembro, pela 21.30 horas, no Teatrinho da Régua,  vai en-cantar Emmy Curl, a talentosa menina de Vila Real, que junta a música, artes plásticas e fotografia, a voz bonita e canções frescas, como Song of Origin (https://www.youtube.com/watch?v=y06VQkmlZeA ) e do Navia, o seu álbum* 


Emmy Curl e Vila Real


Gravou um videoclip ao pé de casa, entre vinhas crescidas e com a cidade onde nasceu em pano de fundo. A paisagem de Trás-os-Montes acalma-a e, ao mesmo tempo, dá-lhe energia. A cantora Emmy Curl, Catarina Miranda no bilhete de identidade, não renega as origens. É transmontana com muito orgulho, mas confessa que as auto-estradas que rasgam a natureza partem-lhe o coração.Gostava de mexer nas plantas, na terra e de misturar ervas com água que cozinhava numa sopa faz-de-conta que mostrava à avó. Ajudava o avô a plantar morangos no quintal e enchia os pulmões do ar fresco que Vila Real emanava por todos os poros, aconchegada entre montanhas, aninhada em paisagens alcatifadas pelo verde intenso da natureza.
Quando era pequena, Catarina Miranda andava pelos campos, tomava banho no rio e tinha um gravador com cassetes que registava o que ouvia e as vozes das aulas da primária. Uma vez por semana, pedia com jeitinho à professora para cantar com a amiga Ana Isabel uma canção da Disney que ambas decoravam para a ocasião especial, com direito a microfones e palco improvisados. 
ser cantora. Agarrava-se às guitarras que havia lá por casa, instrumentos da banda do pai arquitecto e guitarrista e da mãe professora e vocalista. O pai ensinou-lhe os primeiros acordes, a técnica de guitarra clássica foi aperfeiçoada no Conservatório Regional de Vila Real. Estudou canto lírico na mesma escola e aprendeu a colocar a voz. A inspiração brotava sem pedir licença da paisagem transmontana. Os dois quilómetros que separam a casa da cidade eram percorridos a pé vezes sem conta quando queria encontrar-se com os amigos. Os atalhos que a levavam ao destino tinham silêncios da natureza e muitas cores. "Tinha muito tempo para mim e a paisagem servia para reflectir, para meditar", recorda. De regresso a casa, passava para o papel o que lhe ia na alma. Emoções que não tardavam a transformar-se em músicas. Melodias cozinhadas em segredo. "Compunha para mim, não mostrava a ninguém." Hoje o país sabe o que faz. 
Transmontana com muito orgulho. Vila Real dá-lhe calma e, ao mesmo tempo, ajuda-a a recarregar baterias, pôr energias na ordem. "As nossas origens fazem-nos sempre muito bem." Aos 22 anos, é o que queria ser e muito mais. Cantora, compositora, intérprete, estilista e costureira de peças vintage, designer gráfica, apaixonada por fotografia e cinema. Catarina Miranda cresceu e tornou-se Emmy Curl no meio musical. Há uma semana, terminou a digressão de Origins e está a preparar um álbum que quer lançar no final do ano. Nasceu em Vila Real, onde regressa e de onde parte constantemente para Aveiro, onde agora mora, ou para outro sítio do país com palco marcado para mais um concerto. Parte sempre com mais energia e um brilhosinho no olhar que só o cenário transmontano é capaz de lhe dar. 


"Tenho um fascínio muito grande pela paisagem de Trás-os-Montes, não há paisagem assim em mais lado nenhum. Adoro o lado rural", conta. Património que, na sua opinião, merece ser preservado até ao tutano. Tem feito por isso, no estilo campestre das roupas que desenha e costura, nos videoclips que grava em Vila Real. Um deles ao pé de casa, num campo de vinhas alinhadas com a cidade ao fundo, na paisagem que todos os dias observava sentada no banco da paragem do autocarro, nas idas para a escola. Cenário gravado na fresca memória e que só podia resultar num filme. "Sou muito influenciável pelo sítio onde vivo", confessa.


(...)


O seu universo musical é místico, simbólico. "Acredito nas forças cósmicas, que existe um destino mas também um livre arbítrio", revela. Acredita que as coisas que têm de acontecer, acontecem de facto. E move-se num universo do dream pop. Voz suave, melodias que percorrem a guitarra, letras que falam de amor, de emoções, de relações. "As estruturas das canções entram facilmente no ouvido." O processo criativo parece fácil, mas não é. "Toco uns acordes na guitarra e canto o que me vem à cabeça." Depois afina-se aqui e ali até ao resultado final. Dream pop soa-lhe bem e faz jus ao lado sonhador que impregna na música que compõe em inglês. 
Voltar a Vila Real é como regressar ao ninho. "Sinto-me protegida." E os dias passam depressa: visitar a família, sair com os amigos, passear no parque, percorrer a cidade. Os bilhetes andam de mala em mala. Mesmo que para ali chegar tenha que dar muitas voltas, apanhar comboios e autocarros. O regresso às origens não tem data marcada. "Um dia quero montar um estúdio e gravar em casa." Seja lá onde essa casa for. 

Vila Real não está apenas na música que cria. As roupas também contam a sua história de menina do campo. Emmy Curl veste as roupas que desenha e costura com o nome de Emília Caracol. Tem um atelier no centro de Aveiro, com vista para a ria. Aprendeu a costurar sozinha, para desenrascar-se na vida, quando a vida lhe disse que assim tinha de ser. Recua várias décadas e a cidade natal estampa-se nesta forma de se expressar. Há rendas e flores nas suas roupas de "estilo campestre". Há uma camisola de seda bege com chumaços e três botões verdes com brilhantes e um casaco vintage amarelo mostarda estilo Chanel feito à mão no seu portefólio de moda. Emmy Curl não está quieta, mas Vila Real dá-lhe um sossego difícil de explicar. 


Sara Dias Olivira in jornal Público

1 comentário:

  1. ...Impertinente..suavidade ...delicada..doce..voz...de EMMY CURL...
    Não vou esquecer ...e não quero ..ESQUECER ...

    Uma noite que foi ...ESPECIAL...

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