domingo, 7 de setembro de 2014

Janelas da alma

Foto: josé alfredo almeida


A casa desabitada que nós somos 
pede que a venham habitar, 
que lhe abram as portas e as janelas 
e deixem passear o vento pelos corredores. 

Que lhe limpem os vidros da alma 
e ponham a flutuar as cortinas do sangue 
– até que uma aurora simples nos visite 
com o seu corpo de sol desgrenhado e quente. 

Até que uma flor de incêndio rompa
o solo das lágrimas carbonizadas e férteis.
Até que as palavras de pedra que arrancamos da língua
sejam aproveitadas para apedrejarmos a morte.

Albano Martins

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