O Marquês de Pombal e o Vinho do Porto
- Dependência e subdesenvolvimento em Portugal no século XVII
Autor: Susan Schneider
Editora: Regra do Jogo,1980
"A principal reforma agrícola de Pombal foi a criação da Companhia do Alto Douro, cujo fim, segundo ele disse repetidas vezes, era o de beneficiar a agricultura das três províncias nortenhas. Mas teria, na verdade, a agricultura beneficiada no norte de Portugal? Ou limitou-se simplesmente a encorajar uma tendência que já vinha do século XVII, ou seja, a dependência do cultivo da uva? Como vimos, a viticultura espalhou-se pelo país durante o século XVII. Dizia um inglês que os portugueses "para os abastecer, mudaram muitas terras em vinhas". Outro inglês comentou, em 1759, que o "cultivo da vinha tem aumentado bastante durante os últimos anos, nesta província (Beira), devido ao facto de os ingleses terem comprado tantos vinhos portugueses" D. Luiz da Cunha, o estadista português mais eminente na primeira metade do século XVIII e um grande oponente do tratado de Methuen, lamentava a mudança dos campos de trigo em vinhas.
(...)
Sem estradas e com o aumento da viticultura, a economia do norte de Portugal estagnou e talvez até deteriorasse durante a segunda metade do século. Todos os viajantes que passaram por aquela parte do país se referiram à grande miséria que viram. O antigo empregado da Companhia vínicola escreveu que, fora da zona do vinho do Porto, o povo do Douro não tinha o essencial para viver. Viu muitas pessoas semi-mortas de fome, a viver de sopa e algumas uvas."
Susan Schneider
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