segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Poeira

Foto: josé alfredo almeida


Cobertas pelo pó do tempo,
chegam-me imagens intermitentes,
pela distância…
São sombras envoltas em nevoeiro,
suspensas,
da longínqua infância…

Havia uma casa,
uma janela,
um caminho,
um canteiro com hortênsias,
pezinhos de salsa e hortelã…

Algumas cadeiras ficaram vazias.
Na janela, as mãos deixaram de acenar.
Apagaram-se os rostos,
os sorrisos,
os gestos,
os aromas…

Pela água fria da fonte,
chegam-me murmúrios distantes,
quase inaudíveis,
das ausências…

Como ficaram ermos os caminhos!

Na poeira dos passos que passaram,
tudo se apagou…
Como os escritos a giz,
do quadro negro da escola,
da longínqua infância…

Ficaram apenas as saudades…
Lilases como as hortênsias
do canteiro,
da casa,
da janela,
da minha infância!

Ana Freitas

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