Dr. Manuel da Costa Pinto |
Boa surpresa encontrar aqui este postal, que mostra o palacete dos meus bisavós Manuel da Costa Pinto e Ana do Sacramento Meireles, construído em 1896 segundo um projecto francês. O meu bisavô foi um dos primeiros advogados residentes na Régua, se não mesmo o primeiro. Tinha-se formado em Coimbra em 1876. A minha bisavó descendia de uma família de comerciantes de Ovar, de que alguns elementos se fixaram na Régua.
Este postal ilustrado foi editado pelo meu tio-avô José Alves Barreto, que era fotógrafo amador. As famílias Costa Pinto e Barreto ligaram-se por essa época, em 1903, se não me engano, por casamento do meu avô João Alves Barreto (ainda estudante de Medicina e irmão do José Alves Barreto) com a minha avó Maria Adelaide da Costa Pinto.
Contou-me o meu pai, Manuel da Costa Pinto Barreto (natural da Régua e cujo primeiro emprego foi o de engenheiro na Câmara da Régua, em 1936), que uma das obras que o seu avô e meu bisavô Manuel da Costa Pinto fez como administrador do concelho, talvez nos anos 1880, foi a criação daquele jardinzinho com um coreto em frente edifício da Câmara e a criação da Alameda, por detrás da mesma. Com a terra que se tirou de um lado para fazer o jardim, aterrou-se do outro lado para fazer a Alameda, contava o meu pai.
No livro de Afonso Soares, 'Apontamentos para a História da Vila do Peso da Régua', de 1907 (ano em que morreu o meu bisavô Costa Pinto e nasceu o meu pai), mencionam-se outras obras feitas na vila sob a administração do meu bisavô, creio que em matéria de saneamento básico. Esse Sr. Afonso Soares, que além de jornalista foi comandante dos bombeiros da Régua, tem uma estátua no Largo do Cruzeiro. Era bom desenhador e pintor e foi ele quem ensinou a minha avó paterna, Maria Adelaide da Costa Pinto, a pintar a óleo, por volta dos primeiros anos do século XX.
O meu bisavô por volta de 1905-1906 saiu do Partido Progressista e aderiu à Dissidência Progressista chefiada por José Maria d'Alpoim. Houve na Régua um jornal 'O Dissidente' dirigido pelo meu bisavô e onde escrevia também o Sr. Afonso Soares. Antes desse jornal, Manuel da Costa Pinto tinha dirigido o jornal 'O Douro', órgão do Partido Progressista. Não sei se alguma biblioteca da Régua ou do país terá essas colecções de jornais, que fazem falta para se fazer a história da Régua nas décadas em torno da viragem dos sécs. XIX para XX.
José Barreto
Lisboa,17 de junho de 2015
José Barreto tem razão! Creio até que será urgente investigar e publicar a história do Peso da Régua nos últimos 120 anos, digamos. Depois do balanço histórico de José Afonso Soares pouco mais se terá feito a não ser em domínios parcelares e com certeza muito interessantes. Mas é outra coisa que proponho! Talvez a CM possa contribuir para isso, ou a UTAD e talvez José Alfredo Almeida possa ser o grande promotor da coisa! Abraço aos dois deste vosso conterrâneo em exílio lisboeta!
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