Paisagem de infância.
a margem, o rio,
onde o horizonte me convoca e foge.
tenho 12 anos, tenho um cow-boy
que vi no cinema cuidando do seu cavalo ferido
estranhamente parecido a meu pai.
ele penteava e revigorava os meus cabelos
que dançavam na praia deserta
entre eflúvios de ternura.
e cada gesto mimetizava o Sol.
tenho 12 anos, tenho um cow-boy
que vi no cinema cuidando do seu cavalo ferido
estranhamente parecido a meu pai.
ele penteava e revigorava os meus cabelos
que dançavam na praia deserta
entre eflúvios de ternura.
e cada gesto mimetizava o Sol.
um fio longo e liso do meu cabelo
captou o eco das dunas.
uma borboleta incandescente
perdida na vertigem, cruzou o meu sono.
vento, olhos, pedras e as nuvens
manifestaram a constância desse esplendor.
com um sopro dos deuses
tudo ficou calmo e azul.
o sangue, a história improvisam.
Tudo se refaz. Nunca tardo, pai.
Júlia Moura Lopes
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