Foto: josé alfredo almeida |
Numa parede de branco carcomido,
O céu ficou à porta
Sem licença para entrar.
Nesta casa arrepelada pelo vento
Também não entra o sol de par em par,
Nem o pó,
Nem o gato insinuante,
Nem a curiosidade,
Nem notícias,
Nem a primavera e os seus odores,
Ou o pássaro perdido na sua rota.
Sem chave a rodar na fechadura,
Nem mão que a percuta,
A porta emudeceu.
Por trás dela,
Dia após dia,
Uma janela embaciada pelo tempo
Desliza pelos móveis e pelas paredes,
Cumprindo o calendário do abandono.
Ana Ribeiro
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