Não, não é cenário de estúdio de fotógrafo
num ontem em que as máquinas de captar sorrisos eram adereço de gente
desafogada. Os profissionais compunham um ambiente simulador de realidade
interior ou exterior, com vasos de verdes encavalitados em colunas de madeira
ou idílicos recortes de paisagem farfalhuda.
A jovem posa com pose, em postura senhoril e
gestos dançarinos. De perfil perfeito, de cabelo em rolinho obtido com
persistência de ferro aquecido e experiente em encaracolados femininos. Veste
saia e blusa de corte correcto e discreto. É uma primavera urbana em fugidia
visita ao campo onde a Primavera também sabe ser senhora.
Cachos de uvas estão longe da vindima,
apenas a indiciam e anunciam com tempo.
Ela
sabe disso, mesmo sem depenicar bago endurecido e a não fazer ougar pássaros ou
raposas…. Limita-se a afago leve. Se voltar, lá para dias minguantes, será,
como agora, por certo, turista, apreciando o pitoresco de uma azáfama
protagonizada por laparotas e laparotos e por homens e mulheres de mãos
calejadas, cada qual com a sua tarefa, com a sua jorna.
Resta, pois, decidir quem é mais
fotogénico: se os cachos promissores, respirando saúde, se a donzela graciosa
que os acaricia com mãos de seda.
M. Hercília Agarez
Vila Real, 07 de Junho
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