Foto: jose alfredo almeida |
Há
uma boa meia dúzia de décadas, pouco ou nada justificaria a captação
desta imagem. Árvores, é o que mais houve e há por aí, nas aldeias. Na paisagem
edificada imperava, então, o granito musgado em habitações enchapeladas de
telha marselhesa. Um fora sem atavios, um dentro visitado por impiedosas
flechas solares, por golpes frígidos de frios nordestinos, por aranhas
tecedeiras e outra arraia-miúda de bicharada. Salvava-se a segurança de paredes
erguidas à revelia de projectos arquitectónicos e licenças camarárias…
Casinhotos como estes são, hoje em dia, avis raras, espécies em via de extinção
que defensores de identidade incentivam a preservar. O progresso pode passar
pelo regresso, se houver o cuidado de, aproveitando a estrutura sólida do
antigamente, restaurar o passado à luz do conforto do presente, sem com isso
abastardar a fisionomia a que cada paisagem tem direito.
A árvore tem pouco que a recomende, a não
ser a envergadura anosa a agigantar-se ao lado da casa térrea, por ela fartamente
sombreada. Vizinhas são, amigas, não sabemos, mas parece-nos ouvi-las conversar
as suas vidas em tardes de sestas senis.
Terá nascido primeiro o casinhoto, heróico
na sua travessia de tempos, resistente (hoje é mais político dizer
resiliente…), rijo, à prova de modas? Imaginemos que sim. Que terá assistido ao
percurso de vida da sua compincha vegetal, desde o ser só vergôntea, passando
por adolescência com pressa de ser adulta, até à condição de senhora árvore, de
meter respeito, delícia de passarada andarilha, saltitando de galho em galho,
contente com tal variedade de poisos.
Também está nos contrastes, a harmonia.
M. Hercilia Agarez
Vila Real, 01 de Junho
Vivências ."ternas " de outrora ..?
ResponderEliminarAlgo na memória ..."guardado ??..
..Carinhosamente ..!!
GOSTEI....
..