sábado, 1 de dezembro de 2018

Sublimidade

Foto:josé alfredo almeida



   A natureza nunca nos engana: somos sempre nós que nos enganamos.
                                                                                                          
J. J. Rousseau


    
            Não, não é de Corot. A natureza não assina os seus quadros pela simples razão de que é inimitável. Ao estaticismo opõe o dinamismo, o movimento, as sugestões sensoriais. A vida.

           Magia. Deslumbramento, sublimidade. Surpresa? Não para mim, a quem os anos familiarizaram com a versatilidade, as habilidades, as tropelias com que a nossa Terra Mater nos brinda. E é um nunca acabar de combinações de elementos: montes e planícies, montanhas e planaltos, mares e rios e riachos. E céu, e sol, e luz, e cor, e sombras.  E nuvens, e arcos-íris, e estrelas, e… e….

         De simples esboços a preto e branco, a lembrar principiantes-aspirantes a pintores, a uma complexidade de harmonias. Brilho e opacidade. Claro e escuro. Mutações inesperadas. Não há previsões meteorológicas que intimidem esta artista.

           Aqui e agora, neste Douro lindo, neste Douro-Nosso, que posso acrescentar sobre esta imagem? Apetece-me soltar mais palavras, como se lançasse ao ar balões coloridos, destinados a aterrar nas miudinhas ondas do rio. Se o fizesse, seguiria um impulso assumido por Agustina: “[…] algumas juntam-se, correm umas para as outras, para se abraçarem”.




M. Hercília Agarez

2 comentários:

  1. Os abraços ternos da natureza. Os abraços das palavras,
    que muitas vezes nos envolvem e tocam mansamente.

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