Foto: josé alfredo almeida |
S. Leonardo de
Galafura, 8 de Abril de 1977 - O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de
o ser à força de se desmedir. Não é um problema que os olhos contemplo: é um
excesso da natureza. Socalcos que são pisadas de homens titânicos a subir as
encostas, volumes e modulações que nenhum escultor, pintor ou música podem
traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um
universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela
harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora
a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o
seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.
Miguel Torga, Diário XII
"Um poema geológico". Magnífica definição!
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