A frescura dos sorrisos trocados entre as meninas, os seus
vestidos decentemente vaporosos, contrastam com a aridez do espaço escolhido
para o encontro. Terão ido para ali a fim de que ninguém ouvisse os seus
segredos, as suas confissões, a sua troca de desabafos?
Naquela idade, naquele tempo de dias transbordantes de
lazeres, sem responsabilidades familiares nem laborais, de que haveriam elas de
falar? Discutiriam livros lidos? Trocariam truques culinários? Falariam de
arte, de ciência? Os seus olhos reluzentes traduzem um entusiasmo jovial que
faz adivinhar andarem"mouros na costa"! O amor as faz sorrir,
partilhar projectos de vida, expectativas, sonhos. Vêem o futuro como uma vivência
de emoções partilhadas, de ternuras e mimos, de viagens e espectáculos, de
roupas dignas de princesas. Oxalá não tenha a vida manchado o manto colorido
que a juventude bem nascida mentalmente tecia.
Entretanto, nas respectivas casas, "aquelas senhoras que
só havia dantes" de que fala António Gedeão no poema "Mãezinha"
esmeram-se em rendas e bordados, matérias em que as jovens são analfabetas.
Vila Real, 19 de Novembro
M. Hercília Agarez
..Segredando..entre si..
ResponderEliminar..Vestindo..se " de PRINCESAS ..
....Sonhando..com seu PRINCIPE ...!!!