Foto:josé alfredo almeida |
Já ninguém se debruça naquela janela para usufruir duma vista
ímpar na corografia do país. Terá sido, no
tempo da Ferreirinha e ainda depois, um camarote escancarado para o
espectáculo em que, os actores (vinhas, oliveiras, rio e céu), em conjugada
harmonia, nunca eram pateados.
Hoje, vidros resistentes à degradação assassina, deixam ver,
embaciados, nacos de paisagem que mais parecem fotografias desfocadas. Um deles, desobediente, fugiu em busca da
liberdade. Terá ficado estilhaçado, mas, como diz o povo, "antes a morte
do que tal sorte". Deixou um espaço livre por onde entram cheiros a vida,
quebrando o mofo onde aranhas rendilham a seu bel-prazer.
M. Hercília Agarez
Vila Real, 15 de Novembro de 2017
Um quadrado de vidro partido, e as teias
ResponderEliminarde aranha que tentaram fazer uma cortina
para a janela.