terça-feira, 31 de março de 2015

À beira da água

Foto: josé alfredo almeida



Estive sempre sentado nesta pedra 
escutando, por assim dizer, o silêncio. 
Ou no lago cair um fiozinho de água. 
O lago é o tanque daquela idade 
em que não tinha o coração 
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo, 
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso, 
tão feito de privação.) Estou onde 
sempre estive: à beira de ser água. 
Envelhecendo no rumor da bica 
por onde corre apenas o silêncio.


Eugénio de Andrade

1 comentário:

  1. A frescura , do rio ..
    o "silêncio" , das palavras ..
    que escuto ..
    e que olho .
    com serenidade ..
    Gostei !










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