Foto: josé alfredo almeida |
Todos os que vivemos em regiões de vinho sabemos que as vinhas montam
para nós, com grande generosidade, um doce espectáculo de cores e formas: o
final rubicundo e dourado do Verão, os ramos e troncos pardos com que o Inverno
atinge o seu pico e os botões de verde esperança que anunciam a Primavera.
No Inverno, sob a chuva miúda e constante, as vinhas, tanto aquelas que
são aramadas como sobretudo as outras, que crescem retorcidas mais junto à
terra, apertam-nos a alma e apavoram-nos o espírito: parecem ossos de mortos de
onde se desprendem cabelos longos, esparsos e retorcidos. Os ramos, ainda não
podados e de há muito desprovidos de folhas ou frutos, tremem sob o vento e a
chuva sem qualquer alegria. É talvez por isso que os cultivadores gostam de
chegar às vinhas com as suas tesouras e serrotes. Num instante, os terrenos
lamacentos e devastados de folhas, ficam a parecer bem, com os ramos podados e
limpos, nítidos como a vontade do corte. É nessa altura que, ao ver as lágrimas
felizes da chuva a caírem lentamente do ramo onde a Primavera fará crescer
ramos, folhas, gavinhas, cachos, é nessa altura que nós próprios, abrigando-nos
ainda da chuva e do frio, queremos que o tempo se apresse, o sol se mova no
céu, os pássaros cheguem de longe, e a vinha se cubra com o verde da vida.
Paulo Varela Gomes
A vida é breve. .e não podemos prolongar-nos,,.....
ResponderEliminarÉ"urgente" olhar o Sol ..é mais "urgente " ainda amar ,
a vida !!!!
Um belo momento de leitura!
Uma "lágrima" que cai..
ResponderEliminarnum choro "alegre" , feliz..
Um momento de leitura agradável !stá breve a "chegada "da Primavera !