Parecem
tristes e desconfiados. Cabisbaixa, ela. Indiferentes, ambos. Já aprenderam a
distinguir a abastança da exiguidade. Na sua aldeia, na sua escola, não há só
raparigas e rapazes. Há, também, (poucos) meninas e meninos. Bem vestidos, bem
calçados, de livros novos encapados, de cadernos limpos, de bom papel. Os
deles, sebentos, herdados, com manchas de gordura.
Os
outros, crianças de berço, levam, para comer no intervalo, afastados dos
pobres, sandes e bolos, não nada ou
pouco - algum naco de broa atrasada com cibo de toucinho.
Quem lhes terá ensinado a posição das mãos?
Subserviência, respeito?
Percebem
a presença de uma máquina que perpetua
momentos. Os pais, jornaleiros, têm em casa uma fotografia do casamento tirada
por padrinhos humanos, os patrões da quinta que lhes suga o suor.
Um rapaz e uma rapariga. Um dia serão uma
mulher e um homem "que nunca foram meninos", como escreve Soeiro
Pereira Gomes na dedicatória de Esteiros.
M.
Hercília Agarez
Vila Real, 06 de Agosto
Que meninos tristes!
ResponderEliminarEstá tudo dito no texto. Será tudo, talvez...
..Meninos ..com olhar triste...
ResponderEliminar.Ooh...pobreza--"cruel"....
..Vá a vida ser ..injusta..e incompreensível...?
."ESTEIROS"....a POBREZA..REAL.. ..ESCRITA..E VIVIDA..
OS CINCO MENINOS..
... MENINOS DE OLHAR TRISTE...!!!!