Não, não são do meu tempo. Também nem
tanto! Apenas me foi dito que se trata do grupo do então Orfeão Lusitano de
Vila Real. Vozes afinadas, de vários naipes, em pose na estação da Régua. Como
se estivessem em frente à Casa Branca ou ao
Coliseu de Roma...Ares airosos desmentem cansaço de vinte e cinco
quilómetros de viagem. De comboio, em linha estreita. A velocidade de cruzeiro.
Com direito a paragem em todas as estações, em todos os apeadeiros. Uma, mais
longa, para alimentar o animal férreo. A ementa, sempre a mesma: água e carvão.
E toca a andar, pelo serpenteado da linha.
Assentos de napa castanha (ou verde?) para
traseiros mais abastados. Bancos duplos, de pau, para a plebe. Para todos os
passageiros o mesmo brinde: umas faúlhas atrevidas capazes de passar pelo
buraco de uma agulha. Alojam-se onde encontram guarida: nas narinas
desprevenidas ou em bocas abertas perante a beleza da paisagem ou a soltarem
palavras de convívio. No fim da viagem os lenços brancos parecem estar de luto.
Pigarreia-se.
Comboio. Alternativa à carreira. Outro
percurso, outras aldeias. Chegada à Régua. Acaba a via estreita. Vê-se a via
larga, caminho para outros destinos. Estação importante. Pena que na fotografia
só tivesse ficado o RE. Rebuçadeiras
de aventais brancos e cestos repletos de saquinhos de doçura inocente. Convém
levar. Para amaciar a voz, para presentear alguém muito especial.
Grupo excursionista. Pela aragem se vê quem
veio na carruagem. O aprumo no
masculino. Poses à Rudolfo Valentino. Vestuário de Inverno. Variado.
Fatos completos, sobretudos e gabardines. Uma capa alentejana marca a
diferença. O agasalho chique. Cachecóis, chapéus e boinas. Postos, estes
últimos, à vontade do freguês. Alguns à moda fadista, marialva. Imagem de alegria,
de companheirismo. Um dia de festa.
Excursão
em tempos modestos. Hoje, só se fossem uns dias no Dubai...
Vila Real, 12 de Maio de 2016
M. Hercília Agarez
Um sonho ..REAL ...!!
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