Foto: josé alfredo almeida |
Voando abaixo das vinhas, temos a noção de que elas pertencem a uma possibilidade nunca nomeada. Se a possibilidade é a sombra da realidade, elas, as vinhas do Douro, estão ali intactas como uma realidade.
À primeira impressão, trata-se duma das maiores obras feitas pela mão humana. Escadas de terra, semelhantes a templos que se aproximam do sol, como os templos dos mayas.
(...)
A realidade oculta duma realidade é a possibilidade da realidade. A sombra da realidade. Quando voamos por entre os montes transformados em vinhas, a sombra escorre deles, desenha figuras extraordinárias que mudam de lugar e de feitio. São barcos, ondas poderosas, aves gigantescas. A possibilidade de realidade infinita.
Agustina Bessa-Luís
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