Duas pontes. Dois
destinos. Dois caminhos paralelos. Dois estilos. Duas marcas na paisagem.
Nasceu primeiro a metálica, com suas protecções férreas, arredondadas como os montes
circundantes. Para pacificar duas margens, até então desavindas. Poucos os
carros, então. Poucas as carreiras. Mas com direito, uns e outras, a encurtar
distâncias. A poupar energias a peões à força.
A seu lado, anos
depois, nasceu a ponte ferroviária. Só de nome. E de intenções. Comboio para
Lamego. Projecto abortado. Não é só de hoje, a crise... Mudou de vocação.
Transferiu-se para ela o tráfego rodoviário. Resignou-se. Não perdeu a
dignidade da sua robusta alvenaria.
Abandonada durante
muitos anos, degradou-se a vizinha do lado até ao ponto de envergonhar os
reguenses. De manchar, como nódoa resistente, a sua paisagem. Resistiu. Como as
árvores, também as pontes morrem de pé. Foi restaurada, graças à obstinação do
poder local. Readquiriu a sua majestade de ícone edificado. Não voltaram, os
veículos. Nem fazem falta. Ponte pedonal para gente sem pressa que gosta de
contemplar o Douro, de cima. E os cardumes, sempre em maratona.
Também passou por
ela, hoje, a corrida pedestre mais bela do mundo. Vai chegar, em imagens com
sol e rio e caminhos arborizados, a milhares de admiradores desta iniciativa solidária.
Eram só dezasseis mil pessoas! De boa vontade.
Mais uma ponte,
agora. Não há duas sem três...Era de auto-estradas. De viadutos. De tempo sem
tempo para namorar a paisagem.
Vila Real, 5 de Maio de 2016
M. Hercília Agarez
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