segunda-feira, 9 de junho de 2014

Confidencial

Foto: josé alfredo almeida


Não me perguntes, porque nada sei 
Da vida, 
Nem do amor, 
Nem de Deus, 
Nem da morte. 
Vivo, 
Amo,
Acredito sem crer, 
E morro, antecipadamente 
Ressuscitado. 

O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros,agendado,
Sem nada perguntar,
Vê,
sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar

O que de mim não possas entender

Miguel Torga

1 comentário:

  1. Reparei neste barco" vermelho,"
    combina bem com a calma das águas...
    Gostei.

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