Passos Perdidos
(Crónicas Dispersas)
Autor: João de Araújo Correia
Edição: Portugália Editora, 1967
"Não se confunda o título - Passos Perdidos - com a antecâmara do templo maçónico ou parlamento político. Passos Perdidos, se nos cingirmos à letra, são passadas inúteis. Assim considero as que aventurei e vou aventurando na imprensa periódica - nomeadamente O Comércio do Porto.
Passos Perdidos são as minhas crónicas, avidamente lidas, as, prontamente esquecidas.Não fazem mossa durável de quem as lê. São uma espécie de cigarro que se fuma e cuja ponta se deita fora. Se lograssem impressionar a alma do leitor, mais atento ao estilo do que à substância, não seriam de todo vãs como apontamento de males e remédios ou até de vislumbre de sugestões ou coisas.
Quem me dera ser escutado! Julgaria sempre limpa a minha testada de homem social. Teimo varrê-la, porque a vejo cada vez mais suja. Teimo e reteimo como articulista. Desvio-me da ficção para pôr olhos rectos na realidade. Quando se me afigura feia, redobro de energia.Ponho-me a varrer com mais afinco. Só assim me aproximo do contentamento. Mas, o contentamento é um ideal, é o topo da ladeira por onde escorrega o calhau de Sísifo. Se quiserem deitar-me uma mãozinha, perdoem-me a contumácia, tão escandalosa, que se torna inquebrantável. Prova-o a minha reincidência em percorrer, com este livro, um caminho que se deliu ao sabor dos meus passos. Passos Perdidos...
João de Araújo Correia
Quem me dera ser escutado! Julgaria sempre limpa a minha testada de homem social. Teimo varrê-la, porque a vejo cada vez mais suja. Teimo e reteimo como articulista. Desvio-me da ficção para pôr olhos rectos na realidade. Quando se me afigura feia, redobro de energia.Ponho-me a varrer com mais afinco. Só assim me aproximo do contentamento. Mas, o contentamento é um ideal, é o topo da ladeira por onde escorrega o calhau de Sísifo. Se quiserem deitar-me uma mãozinha, perdoem-me a contumácia, tão escandalosa, que se torna inquebrantável. Prova-o a minha reincidência em percorrer, com este livro, um caminho que se deliu ao sabor dos meus passos. Passos Perdidos...
João de Araújo Correia
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