domingo, 3 de maio de 2020

Um rio de verdade

Foto:josé alfredo almeida



Já perdoei erros quase imperdoáveis, mas ainda não consegui perdoar a quem comigo foi má pessoa, cobarde, falso, mentiu cruelmente e me feriu sem dó nem piedade, apenas pelo prazer maquiavélico.
Já tentei, por vezes sem conta, substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso e, por momentos, fui feliz, umas vezes, e, nas outras, magoei-me imenso. 
Já me decepcionei com pessoas que eu nunca pensei que iriam me decepcionar, mas, sei também, e isso me fere a alma, que já decepcionei alguém.
Já abracei para proteger alguém que me era especial, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos,e amigos que eu nunca mais vi.
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui amado - e na despedida nem houve um beijo e adeus com as palavras que mereciamos - e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras verdadeiras e eternas, e muitas vezes quebrei a cara.
Já chorei, ouvindo música e vendo as fotografias que o tempo apagou e arquivou dentro de uma caixa de sapatos. 
Já liguei só para escutar uma voz, me apaixonei por um sorriso e por um olhar. 
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo). 


Mas vivi e ainda vivo! 

Sou como o meu rio, corro por montes e vales e navego para a minha foz, serenamente com uma grande dor na minha alma.

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