quarta-feira, 1 de maio de 2019

O poeta do Moledo

Foto:josé alfredo almeida



"Moledo ou Caldas do Moledo não deixaram de ter seu nimbo espiritual. Não se julgue que  sejam apenas águas e paisagem - ambas maravilhosas. Ninguém pense que o seu território deu apenas, até hoje, vinho, azeite e fruta...
Deu mais...deu também um poeta que merece culto.
Merece, desde já, que as Caldas do Moledo, sua pátria, lhe dedique uma placa comemorativa do seu nascimento, a 19 de Marco de 1902.

(  Por  lapso o escritor JAC indicou mal a sua data de nascimento: 15 de Março de 19022)  

Sabe o meu leitor que já uma vez me referi, no Comércio do Porto, ao poeta das Caldas do Moledo, que se chamou Antão de Morais Gomes.

(...)

Da recolha de José de Castro, menos acessível que o livro único, dê eu aqui uma pequena amostra. Seja, por ser muito duriense, o soneto intitulado 
"O Meu Carro de Bois". É como segue:



Possuo há muito um carro e uma agulhada.
Se me faltam os bois, que vão tirar.
Para levar um dia uma carrada
A quem quiser, a quem ma encomendar.

Dentro de pouco tempo, pela estrada.
Hei-de ir à sua frente, a assobiar.
Obrigando-o a comprida caminhada.
Até voltar de novo ao seu lugar.

Querendo Deus, hei-de comprar à feira
Uns bezerrinhos novos, de maneira.
Que sejam de bôs mães pequenas crias...

Hei-de os beijar, para os jungir depois...
Ninguém terá no seu carro de bois
Compêndio de tamhas alegrias!



Poderá haver mais cândida ternura? O Moledo tem a obrigação de perpetuar a memória do seu poeta.

João de Araújo Correia  

2 comentários:

  1. ...O poeta ..
    ..O pastor ..!!!
    ..Eloquente a "luz "..da paisagem..
    .."ilumina..o "...ETERNAMENTE !!!
    ..

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  2. João de Araújo Correia foi um grande homem e um grande escritor.

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