sexta-feira, 12 de abril de 2019

Melancolia

Foto:josé alfredo almeida



Viver o absoluto da minha hora porque nada mais ela comporta

Vergílio Ferreira



    Não são cores. São matizes, tonalidades, nuances. Não se impõem distintamente, não dominam. Fazem o jogo da sedução pela macieza do cromatismo, esbatido em dégradés mimados a pedirem colo ao rio.

    Até o arco-íris, em apagado segundo plano, qual figurante de filme duriense, quer passar desapercebido. Respeita a subtileza cromática da tela. De tão contido nos seus cambiantes crepusculares, não se vislumbra, nas águas, o seu reflexo.

    É uma sinfonia de sonoridades suaves, feita só de andamentos lentos, sem lugar a alegros nem a allegrettos. 


    Também disto é feita a paisagem. De momentos de modéstia de luzes e de cores. De soturnidades contagiantes, quiçá a acenderem em olhos comovidos “uma furtiva lágrima”.

M. Hercília Agarez
Vila Real, 12 de Abril

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