Foto:josé alfredo almeida |
Pedras sobre pedras. Arrumadas, umas, em forma de casa,
desalinhadas, outras. Todas abandonadas. Todas dando guarida a musgo de pálidos
e doentios tons esverdeados e amarelos.
Quem terá a chave do casebre cuja fechadura aguarda, pacientemente,
afago de mão humana? A porta, em madeira carcomida na base, teve honras de
moldura construída com critério simétrico. Há muito abandonada, desde a morte
dos velhos que morreram de velhos. Os seus herdeiros, partidos em busca de
futuro seguro, desdenharam da herança. Se voltarem, esperá-los-á moradia
moderna e confortável, feita de migalhas amealhadas durante uma vida de sacrifícios
e cansaços.
Não podemos entrar, a não ser com a imaginação. No entanto,
presumo que no interior, dentro destas pedras graníticas, robustas mas
envergonhadas, apenas habite o invisível, o incorpóreo. E penso nos versos
finais do soneto "O Palácio da Ventura", de Antero de Quental:
Mas
dentro encontro, só, cheio de dor,
Silêncio,
escuridão e nada mais!
M.
Hercília Agarez
Vila Real, 18 de Novembro de 2018
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