Pintura de Mónica Baldaque |
"Com esta exposição aqui na Régua, homenageio meu Pai, Alberto Luís, sepultado há justamente um ano, no cemitério de Godim.
Com ele aprendi a ver a Pintura, a desenhar, a olhar a paisagem - nosso cenário dos dias da nossa vida.
Ensinou-me que a paisagem fala, tem voz, tem humores, sente, como um coração de selva, e alia-se a nós como confidente e guardadora de memórias e de sentimentos.
A paisagem do Douro é uma "pessoa" na minha vida. Viu-me crescer, brincou comigo, ensinou-me o riso que se perde em eco nas montanhas, e as lágrimas que a terra engole, e descem até às raízes das vinhas, dos laranjais. As raízes são os pensamentos que as plantas guardam e que as alimentam.
Eu caminhava devagar, descalça, pelos bardos da terra quente, e sentia-me segura, tranquila, o estado da felicidade era mágico e absoluto. Como se a vida secreta da terra me possuísse e me revelasse o mistério da vida, como ninguém mais era capaz de o fazer.
Não me canso de pintar a terra do Douro - o que vejo e sinto. Volto sempre a ela, como quem volta ao lugar do Paraíso. E cada quadro que pinto é como um ex-voto, uma promessa de gratidão eterna.
O rio, às vezes cor prata-chumbo, as vinhas em socalcos, alinhadas como pregueados de alta-costura, o céu, rasgado pelos cimos dos montes, tudo são sinais que eu transmito às minhas telas, a minha paleta, ao meu discurso.
Quem me entende?
Não importa..."
Mónica Baldaque
Peso da Régua, 10 de Novembro
in Cátologo da Exposição de Pintura
..Tão "belas TELAS ..eu pude olhar...
ResponderEliminarE um coração ..enternecido..grandioso..dentro DELAS ..!!
FOI EMOCIONANTE !!