Foto:josé alfredo almeida |
Paira a
melancolia
em
crepúsculos outonais:
finitude.
Cada qual é para o que nasce… Até para ser folha é preciso
ter sorte… Nós, neste mais um outono, estamos feias, encarquilhadas,
ressequidas, pasmadas, como mulheres a quem o trabalho sulcou os rostos, antes
da velhice. Numa pobreza irremediada de cores e de formas, não nos resta senão
conformarmo-nos com debilidade sem viço e sem brilho.
Cá de um alto agreste e madrasto, olhamos as nossas colegas
fluorescentes, ainda presas por um fio ou já cobrindo chãos rurais e urbanos,
em irrecusáveis convites a sorrirem para a fotografia. E mesmo, no caso dos
plátanos, a deixarem-se apanhar, todas convencidas, por mãos românticas que as
põem a secar em felizardas páginas de livros. Secas, manterão o charme e
ganharão o estatuto de marcadores. Das parras, nem falamos. Essas usam e abusam
dos dotes camaleónicos. Até ao último suspiro (belas, mas mortais…), os seus
cambiantes outonais são a festa da folha, antecedida da euforia dos frutos,
meninos dos olhos de região onde nem só o rio reina.
M. Hercília Agarez
Vila Real, 25 de Novembro de 2018
..Tudo tem o seu tempo ..o seu lugar ..
ResponderEliminar..a sua plenitude..
..E usufruir ..de um momento ..como ESTE...!!
É SUBLIME...!
Pensamentos outonais.
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