Parece cenário de estúdio para registo de poses de circunstância. Mas não. É talvez o recanto mais fotogénico do jardim onde flores claras se impõem a verdes vários, de árvores e simples plantas envasadas. Numa cascata, pontifica uma estatueta alegórica, como santo em altar.
A cadeira de braços, em verga robusta, entrelaçada, sugere, no seu espaldar, um trono. Não a ocupa, porém, uma princesa. Não tem diadema, nem jóias, nem vestido de brocado. É uma jovem senhora a descansar de um nada fazer. Uma languidez ociosa e triste. Uma solidão de regaço inútil. Nem a macieza de gato de estimação, nem um romance da moda, nem um bordado sem fim à vista.
O que dará sentido à vida desta figura seráfica? Será aquele não sorriso sinal de doença a que ares puros e campestres são prescrição médica? Ou será uma apatia desistente, uma aceitação acomodada de destino sem destino?
zangas com a vida:
feia, a tristeza.
M. Hercília Agarez, 22 de
Fevereiro de 2017
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