Mistério

Foto:josé alfredo almeida

    Dizem-me que és um rio. Não acredito. Não serão placas de ouro onduladas, fugidas de alguma oficina onde mãos de ourives tecem arte? Águas as seguram. Emprestam-lhes o seu fluir, o seu embalo. Não é um sol redondo com seus raios que se não deixa olhar de frente. É um manto flutuante de brilho e de cor que se move em sugestão de riqueza digna de príncipes e de reis.

    Em momentos como este é preferível ver e calar. É delegar no silêncio aquilo que nenhumas palavras são capazes de exprimir. Silêncio eloquente é mais do que uma figura de retórica. É devoção, espiritualidade, respeito.

    Mistério. É mesmo isso. Uma porta aberta para o sonho, para a fantasia, para a imaginação. Mistério – um véu translúcido, convite a espreitadelas furtivas se a curiosidade fala mais alto.

M. Hercília Agarez

Vila Real, 14 de Agosto de 2016