terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Aquele miúdo descalço






          Quem é aquele miúdo descalço,  com um ar  muito traquina que, ao olhar atentamente para a objectiva do fotografo, nos parece desafiar? Que nos quer ele dizer do seu tempo, destacando-se como um pequeno herói?
       
       Quem são todas aquelas crianças que o observam um pouco mais atrás, encostadas a um velho e imponente casarão, no cimo da rua de Medreiros, hoje chamada rua de Maximiano de Lemos?

        Estás interrogações não só são minhas, são mais de alguém que está à beira do presente de  uma cidade que não sabe guardar as memórias do seu povo, dos seus antepassados e das gerações que deixaram marcas do seu tempo.

         Quem é aquele miúdo que parece atravessar a máquina do tempo e vir  até ao encontro ao nosso presente?

          A Régua  de hoje não sabe nada da sua história. Nem  saber sequer que o olhar traquina desse miúdo está ligado ao seu futuro como uma pequena  cidade da vinha e do vinho - o melhor vinho do mundo- e de um comércio e negócios que trouxeram alguma prosperidade e bem estar social.

          Quem é aquele miúdo que nos interroga do teu tempo, a Régua dos anos 40 ou 50?  Não sei, mas gostava de saber quem é  ele e o que ainda nos poderia contar da sua vida e dos seus sonhos. Saberíamos mais de nós mesmo, mas nada sabemos do que esta imagem  preservou de boa memória.
       
            Mas, quem souber o nome daquele miúdo, que mo diga.

           Eu apenas sei aquele miúdo descalço- e certamente muito  pobre-  que aqui viveu, cresceu, acreditou sempre nos seus sonhos, ainda não morreu.
       
         Aquele miúdo traquina, somos todos nós reguenses. E eu acredito que sim.


                             José Alfredo Almeida

3 comentários:

  1. Há relíquias a preservar, como esta maravilhosa foto que nos transmite em muito, do verdadeiro espírito reguense, que certamente perdura.
    O texto, um precioso contributo reflexivo, evocando achados históricos alusivos à Régua e que nos leva a visionar aquele "miúdo traquina" como a "alma" dos reguenses que dignificam a sua cidade.
    Parabéns ao seu autor! :)

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  2. Uma " maravilhosa" . criança , com o mais bonito, coração ..
    e decerto o "miúdo" que ,mesmo descalço e pobre ,
    acreditou nos seus sonhos ..e os viveu ..verdadeiramente..
    Parabéns , parabéns , amigo e autor...




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  3. Era na regua e em todo o Portugal miséria abismal ao lado de palacetes senhorais

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