Pressente-se pela porta entreaberta um odor a soalho encerado.
Uma ordem perfeita em cada objecto, nada deixado ao acaso.
Um silêncio feito de harmonia.
Há nesta mulher madura, um misto de exigência e ao mesmo tempo de condescendência.
Há nesta mulher madura, um misto de exigência e ao mesmo tempo de condescendência.
Na roupa que veste, perfeita, no porte aristocrata.
Mas no olhar captado pela câmara uma doçura ainda de menina, uma pergunta, um assombro.
Logo mais ao fim do dia, desprender-se-ão dos seus dedos delicadas sonatas de Chopin
Logo mais ao fim do dia, desprender-se-ão dos seus dedos delicadas sonatas de Chopin
(Talvez o seu compositor preferido),
ao piano na sala onde costumam receber as visitas.
As janelas abertas, num Outono ainda ameno
e o rio serpenteado, a encher-lhe o olhar.
-Sorri disse o marido. (Esqueceu-se de sorrir...)
-Sorri disse o marido. (Esqueceu-se de sorrir...)
Por vezes a felicidade, imensa, não cabe num sorriso...
A foto ficou. Para além deles.
Fotos, são pedaços de vida.
A foto ficou. Para além deles.
Fotos, são pedaços de vida.
Quando antigas, guardadas em caixas, albuns ou malas.
Queimam-nos as mãos, (o coração), quando as pessoas nos são próximas.
E nunca morrem.
E nunca morrem.
Porque vivem através de nós.
Ana de Melo
Que beleza de texto, Ana de Melo!
ResponderEliminar....E de novo..a minha leitura ..."é DELICIOSA...
ResponderEliminar..Ana de Melo.. e as suas,"harmoniosas ternuras" ...
e ..a simplicidade ...ooh ..
SEMPRE ....A SURPREENDER.....
..A surpreender ..ANA DE MELO...
ResponderEliminarGOSTEI MUITO....