Foto:josé alfredo almeida |
Todos os tons como numa
rosácea, todas as cores como num vitral.
Pina
de Morais
Não deram ainda por findo o seu papel no palco da natureza
vinhateira. Foram valentes parideiras de cachos úberes protegidos por pâmpanos
arrebicados. Permitiram, impotentes, que invadissem a sua privacidade tesouras
de poda e facas afiadas, agressoras. Levaram-lhes os filhos, aconchegados em
cestas berços. Deixaram-nos ir. Sacrificaram-nos a Baco/Dioniso. Ou ao Homem.
Ao Homem do Douro. Àquele que tem nelas, vinhas cuidadas como se gente fossem,
a sua riqueza e a sua alegria. O seu orgulho e a sua vaidade. Antes de o
lavrador sofrer uma má colheita, já elas foram golpeadas por gelos e granizos.
Já elas tremeram espavoridas com medo às trovoadas.
Acabada a festa, abençoada (ou castigada?) por eflúvios ainda
estivais, cada trabalhador regressa a sua casa ainda embriagado de cheiro a
mosto. Missão cumprida. Desertas, repousam as guerreiras, estendidas ao sol,
como lagartos. Dão ares das suas graças coloridas. Exibem-se em seus trajes de
cerimónia. Está a chegar a hora da despedida, aquela que dizem ter mais
encanto.
Admiradores dos seus novembros captam-lhes a magia cromática.
Param e olham. Nada escutam porque a passarada foi chilrear para outras
freguesias. Resta a paz da beleza silenciosa.
Vila Real, 16 de Novembro de 2016
M. Hercília Agarez
Beleza silenciosa...
ResponderEliminar..Tão desconcertante ...o olhar olha ..
ResponderEliminare tão colorido fica..e
EXTASIADO !!
BELISSIMA FOTOGRAFIA !!!..