terça-feira, 7 de abril de 2015

Tudo reluz

Foto: josé alfredo almeida



Harmonia
Feliz canto das aves,
Sem possível
Compreensão;
Feliz rumo dos astros,
Sem possível
Desvio;
Feliz fúria do vento,
Sem possível
Arrependimento.
E feliz o poeta
Que ninguém lê.
Que sozinho contempla
O nascimento e a morte
Dos seus versos.
Pai acabado que no próprio corpo
Gera os filhos
E lhes dá ternura
Do berço à sepultura.


Miguel Torga

1 comentário:

  1. Quanta serenidade ..quanta ternura ..
    cores , intensas..
    uma brisa , um chilrear , ..aromas ..
    ,quentes ,,,
    e a luz .....que fica !

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