Foto: josé alfreo almeida |
As ervas tomaram
conta do exterior da casa.
Heras envolveram os muros com os seus braços, emprestando à casa, um
ar de mistério ou de abandono.
A casa como que
adormecida.
Ainda era cedo para
ser manhã.
Trancaram-se
as janelas.
Antes
de desligar o quadro eléctrico, um último olhar,
depois a chave a rodar devagar no trinco. ´
A escada de
pedra dolorosa de descer, os pés como se fossem de chumbo.
A vida é uma sucessão
de viagens, muita coisa acontece fora e dentro de nós.
A casa ficou como que
adormecida.
À
espera.
Um dia,
passos ansiosos subirão as escadas de pedra, mãos apressadas abrirão a
porta, subirão os vidros das janelas... As ervas serão arrancadas, violetas, rosas e ervilhas de cheiro
plantadas...
A
casa será pintada de branco, para nos dias de calor, tudo parecer e se tornar
mais fresco e aprazível.
Árias
de música passarão através das janelas abertas e das heras, que continuarão a
abraçar os muros.
Os
cheiros serão novamente característicos de um lar.
Nas noites em que a
lua se reveja no rio, emanará da casa e da família que restou e decidiu voltar, uma paz, de algo ou de uma
promessa que secretamente alguém fez no dia em que
fecharam as janelas, naquela manhã em que o dia ainda não havia nascido.
Um dia.
Ana de Melo
Esplêndidos" momentos de leitura,..
ResponderEliminara autora "encanta" , e "cativa"...
O autor da foto , "brilha" ...
e marca , com a sua "arte" !!!