domingo, 1 de dezembro de 2013

Anoitecer

Foto: josé alfredo almeida

Muita coisa eu sei desde o anoitecer:
palavras que ferem e queimam,
nítidas como sal dentro dos lábio.

Muita coisa eu sei: casas sempre vazias
olhos com temor nocturno,
altos segredos nas mãos crispadas,
fome de pão, amor e paz.

Sabemos uns e outros muita coisa,
contudo quantas vezes fechamos as janelas
ao mel e sangue nos vidros da memória

António Cabral in "Antologia da Poesia Contemporânea de Trás-os-Montes e Alto Douro" 

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