quinta-feira, 19 de março de 2020

Meu pai




"Pode acontecer que no fim um homem se enamore pela própria vida"

Manuel Vilas



O meu pai é uma boa pessoa, leal e séria: é um homem muito responsável. O meu pai, José, a quem eu devo tudo na vida pela pessoa que hoje sou. 
O meu pai, não sendo professor - como é o meu irmão António - deu-me as primeiras lições de vida e alguns exemplos de civismo e de cidadania que não se apreendem nos livros da escola que servem para aprender a escrever, a ler, a contar e fazer mapas e equações matemáticas que raramente completam os nossos sonhos de criança. 
O meu pai tem uma verdadeira paixão pelo seu grande amor (a minha mãe Fernanda). O meu pai é um homem bom e generoso. Nunca me ensinou a mentir, a enganar, a ser falso e a ser cruel com ninguém. Ensinou-me a honrar os mais fracos e os desfavorecidos. A valorizar quem nos ajuda e entra na nossa vida como uma verdadeira joia de família e que, mesmo depois, não revele qualquer valor sentimental. 
A vida é uma coisa séria, mas por vezes, é uma coisa simples. Quem vem a esta vida quando as pessoas se comportam com dignidade e respeito. Quem vem a este mundo não pode ser feliz se quer prejudicar a vida de alguém que nunca lhe fez mal. Quem já fez isto levianamente não respeita ninguém, mas na verdade, nem se respeita a si próprio. Não pode ser um ser humano, nem viver com remorsos que não é um sentimento para quem está disposto a passar por cima de tudo e todos para alcançar qualquer fim e para fazer prevalecer os seus interesses e egoísmos pessoais. 
O meu pai ensinou-me a ser verdadeiro, sério e leal. Quando não agimos assim perdemos a dignidade e deixamos de viver em paz. 
O meu pai também, muitas vezes, sofreu injustiças, não foi tratado como ele merecia por ser um homem bom e respeitador, mas soube passar-me este ideal de que para ser bom só preciso de ser um homem humilde. Basta-te isso, e um dia tens a prova que és capaz de lá chegar. 
O meu pai deixou-me este seu legado para ser o meu regulador da minha consciência. 
O meu pai também me ensinou que somos nós que temos de ir em busca da nossa felicidade e do amor. Ele já conseguiu isso tudo, e se não fez mais foi porque teve outras prioridades para resolver. 

A vida é assim… 
O meu pai está muito grato com ela. Ela deu-lhe o mais importante que se pode ter: os filhos que estudaram e foram o que eles quiseram ser e os netos a viverem uma outra vida, a que ele desejou para não o esquecerem. Ele é, à sua maneira, um vencedor que subiu ao pódio com orgulho, esforço, dedicação e muito trabalho para vestir a sua camisola da sua felicidade. 
Mas, o meu pai não me ensinou tudo da vida. Confesso que agora, à beira dos seus 82, devia dar-lhe mais atenção e dizer-lhe umas merecidas palavras de conforto e reconhecimento. Culpo-me de não o escutar mais vezes e de lhe dar razão em casos reais da minha vida em que a covardia, a maldade arrogante e perversa nunca devia triunfar. Tenho muito a aprender com o meu pai. Vou estar mais tempo com ele apenas para o poder ouvir. 
Ainda bem que o meu pai é a nossa memória, ainda presente na minha vida. 

1 comentário:

  1. Porque a VIDA..precisa ser vivida .. com AMOR !!!!!! Parabéns .. pela bela fotografia !!!

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