No tempo em que eu vivi na Régua, a ponte (hoje) pedonal,
estava intransitável.
Foi pela
ponte que eu cheguei à Régua.
Lembro a
visão das pontes, a descoberto pelo nevoeiro a dissipar-se, libertando-se
docemente dos braços do rio, revelando toda a beleza daquele vale.
Como um presente diário, oferecido pela natureza.
Por vezes ia com familiares meus até além- Douro em passeio a pé, na minha memória o dia era azul, a meio da ponte eu acenava com um lenço branco para longe, onde sabia que a minha Mãe estava à janela. Um aceno de ternura, sempre correspondido.
Como um presente diário, oferecido pela natureza.
Por vezes ia com familiares meus até além- Douro em passeio a pé, na minha memória o dia era azul, a meio da ponte eu acenava com um lenço branco para longe, onde sabia que a minha Mãe estava à janela. Um aceno de ternura, sempre correspondido.
Mais à
frente, num pequeno lugarejo, havia bancas com biscoitos da Teixeira e cavacas,
tudo se conjugava para uma tarde feliz, como só as crianças sabem ter.
À noite sobre
as pontes, retratada no rio via a lua toda em prata, envolta em
silêncios.
Assim adormeci tantas vezes, de janelas abertas, o luar encostado ao meu sorriso.
Assim adormeci tantas vezes, de janelas abertas, o luar encostado ao meu sorriso.
Em Setembro, era uma agitação a ida a
Lamego à festa da Sra. dos Remédios. As roupas apropriadas, os chapéus, a
merenda e um bolo. Também os agasalhos, para o regresso tardio.
Apanhávamos a camioneta num largo arborizado perto da estação, onde abundavam vendedores de fruta. Da janela via o rio, verde, largo, companheiro dos meus dias.
Pela ponte, a camioneta cheia, tudo a falar ao mesmo tempo, era um dia de festa e de fé, para muita gente.
No regresso, eu espreitava o rio que não via mas adivinhava na escuridão,
vozes, birras de crianças cansadas
e um colo onde eu adormecia.
Apanhávamos a camioneta num largo arborizado perto da estação, onde abundavam vendedores de fruta. Da janela via o rio, verde, largo, companheiro dos meus dias.
Pela ponte, a camioneta cheia, tudo a falar ao mesmo tempo, era um dia de festa e de fé, para muita gente.
No regresso, eu espreitava o rio que não via mas adivinhava na escuridão,
vozes, birras de crianças cansadas
e um colo onde eu adormecia.
Esperava pelos ciclistas com alguma impaciência no início da
ponte, de os ver surgir nas suas cores de arco-íris, por fim o carro vassoura.
As pontes que eram acordadas, ao som
de gritos e preces. De vestidos de mulheres a esvoaçarem ao vento, sob o meu olhar dorido, ao longe da
janela do meu quarto.
As pontes da Régua,
cenário da minha infância, caminho de ida e volta, destino.
cenário da minha infância, caminho de ida e volta, destino.
Ana de Melo
..As Pontes ..de outros tempos ..!!?
ResponderEliminar.Memórias de infância....alegres ..coloridas ..!!
...Histórias para contar ..!!'
..e ainda bem ...pois sim !!!
"O nevoeiro libertando-se docemente dos braços do rio", que bonita imagem!
ResponderEliminarUm texto muito belo, com doces recordações.