Foto:josé alfredo almeida |
Se
eu pudesse trincar a terra toda
E
sentir-lhe um paladar,
Seria
mais feliz um momento…
Alberto Caeiro / Fernando Pessoa
Uma turma de casas novas aninha-se em cibo de terra
sem plantio. Combinaram tamanhos, feitios, cores. Sugerem retalho suavemente
colorido em manta de verde matizado. Sossegados, fazem pela vida os
vinhedos estivais. As oliveiras, essas, olham-nos das suas alturas de
vocação. Nem uns, nem outras, tencionam arredar raízes daquele solo.
É deles, de direito adquirido. Dali não saem…
Não se lobriga xisto nem granito. O feio e triste
betão está escondido atrás de rebocos das cores de
flores fruteiras. Viver remediado e limpo, de carro à porta. Cabeças
com tino o merecem.
A sobriedade da arquitectura rural em tempo de
mostruários de azulejos, de alumínios ofuscantes, de leões, dragões
e águias, ao gosto do freguês. Isto também é Douro, um Douro de
garras afiadas para desvirtuadores da sua fisionomia. A beleza da simplicidade.
Da identidade. Do recato.
M. Hercília Agarez
Vila Real, 06 de Julho
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